1 de dezembro de 2016

Respirar no mar revolto

Acho que uma palavra que combina com a nossa época atual é muito. É tudo muito: muita informação, muitos afazeres, muita coisa acontecendo, muitas obrigações, muitos e intensos afetos. O mar está revolto e nós estamos lá no meio de um caixote, sendo jogados de um lado para o outro e podendo apenas minimamente tentar nadar, sem muita direção. 

Estou cansada. É um cansaço que não atravessa somente o corpo (apesar de ele estar sofrendo muito nos últimos dias), mas sobretudo um cansaço de investimento. Não consigo - e na verdade nem quero tanto - investir energia psíquica em problemas mais. Não dou conta. 

Isso tem afetado também a minha rotina virtual, acho. Eu gosto muito de redes sociais em geral: blogs, twitter, facebook, e por aí vai. Quando você mora bem longe da sua cidade natal isso faz a maior diferença, e queria ler mais coisas e estar mais nas redes, mas eu me canso. 

Tem tanta coisa acontecendo em tantas esferas que dá mesmo vontade geral de debater, comentar, divulgar, informar, opinar. Eu acho ótimo, acho alguns textos maravilhosos comentando assuntos do momento, mas me cansa. Não como "estou de saco cheio disso", é um cansaço daqueles que não têm a ver com interesse, mas com falta de energia. 

E tá cada vez mais difícil estar na internet, coisa que eu gosto, e escapar pela tangente dos problemas e medidas e notícias e informações e recomendações e opiniões fundamentadas. Quero ler diarinhos, quero saber como foi o dia das pessoas, o que elas comeram, com quem falaram, se perderam o ônibus e tiveram que ir de metrô, se caminharam pelo bairro, se a abobrinha tava bonita no supermercado. Eu quero, eu preciso, eu acho necessário resgatar essas pequenas vivências pra relembrar que somos humanos com toda a profundidade mas também com toda a superficialidade. 

Não consigo mais levar caixote, quero marolinhas leves só pra fazer o corpo que boia dançar na superfície. 

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